iStockphoto.com / visdia Energias renováveis estão ganhando cada vez mais espaço em diferentes países.

Felizmente a sustentabilidade tem entrado na pauta de muitos países. Coleta seletiva, reuso de água e preservação das fauna e flora locais são algumas das ações que já estão sendo colocadas em prática.

A busca por energias renováveis também tem se intensificado em alguns países. De olho nisso, o jornal The Guardian selecionou três profissionais especializados para discorrerem brevemente sobre medidas e programas adotados por seus países de origem que demonstram os esforços, desafios e avanços feitos por eles no que se refere à busca por energias renováveis.

Confira o resumo dos depoimentos abaixo:

Costa Rica

Reprodução Na Costa Rica, 98% da energia é renovável atualmente.

A Costa Rica caminha a passos largos para se tornar o primeiro país em desenvolvimento a ter 100% de eletricidade renovável. O país possui recursos hídricos, eólicos e geotérmicos e já possui 98% de energia solar nos dias de hoje. Durante 94 dias consecutivos passamos pela experiência de termos 100% dessa energia já vinda de fontes renováveis.

Para que consigamos garantir essa porcentagem durante o ano todo, precisamos substituir alguns geradores a diesel que ainda existem como distribuidores de energia. O Instituto Estatal de Eletricidade (ICE) irá construir mais hidrelétricas e usinas eólicas e geotérmicas até 2017.

Os cidadãos e empreendedores do país já se familiarizam com painéis solares, turbinas eólicas, baterias e bioenergias. No máximo até 2025, a Costa Rica terá se livrado de todo o sistema de geração de energia fóssil que hoje ainda existe. Uma onda de pressões populares existe para que o transporte público tenha melhorias e a construção de um trem elétrico está em curso no país.

Texto: Monica Araya, fundadora e diretora do Nivela y Costa Rica Limpia, um observatório cidadão.

Afeganistão

© Depositphotos.com / GreenJo No Afeganistão, 11.500 locais usam energias hidroelétricas e solares.

No Afeganistão, o crescimento de energias renováveis é ainda um grande desafio. Isso acontece por suas características naturais fragmentadas. Tanto a geografia quanto a política no país se desenvolve de maneiras distintas em cada região. A gestão geral do país ainda depende de forças políticas que faltam no país.

Se a autoridade central não consegue dar vazão às necessidades, o que vem acontecendo é a opção pelo uso e gestão de fontes locais de energia. O país conta com abundância de fontes de energias renováveis. Quase todas as regiões possuem altos níveis de luz do sol, as zonas montanhosas têm potencial eólico e os rios podem acolher usinas hidrelétricas de pequena escala.

Nas províncias do norte de Badakhshan e Takhar, 11.500 casas, escolas, mercados, empresas e hospitais locais são atualmente alimentados com energia por um mix de usinas hidroelétricas e solares. Estes foram instalados pela agência de desenvolvimento alemão, GiZ, em estreita colaboração com o governo e, mais importante, as pessoas locais, que são treinados para operar e executá-los como empresas semi-independentes. O esquema ganhou um Prêmio Ashden para a energia sustentável.

Por suas características específicas, o Afeganistão possui necessidades energéticas ainda modestas e o uso de energia renovável é ainda mais interessante nesse contexto em que devemos dar prioridade para o abastecimento de comunidades locais. Dando autonomia enérgica às vilas e regiões menores conseguimos construir autonomia a populações que sempre passam por crises políticas e conflitos.

Texto: Martin Wright, escritor e editor especializado em futuros sustentáveis.

China

© Depositphotos.com / mblach China é o maior produtor e usuário de energia renovável do mundo.

Em menos de uma década com um desenvolvimento altamente concentrado, a China já se torna uma superpotência em energias renováveis – o país é o maior produtor e usuário de tecnologias de energia renovável do mundo. A meta do governo é que o uso de combustíveis não fósseis supere o percentual de 11% que temos hoje e chegue a 20% até 2030. O consumo de carvão deve ser limitado a 4,2 bilhões de toneladas em 2020. A China também está comprometida com um aumento significativo da capacidade de produção de eletricidade com base em fontes renováveis, o uso de energia eólica será dobrado e o de energia solar quadruplicado até 2020.

Até o momento o país vem cumprindo suas metas, o que faz crer que essas projeções poderão ser cumpridas com tranquilidade. As receitas, os preços do lucro e das ações de empresas de carvão e de petróleo têm caído no mercado do país. O desafio chinês é construir seu futuro conforme um balanço de forças competitivas entre o antigo e o novo. O país tem dimensões continentais e ainda é um dos grandes poluidores mundiais.

Por outro lado é também o que mais investe em energias renováveis. China investiu cerca de US$ 90 bilhões em energia limpa em 2014, ou 73% a mais do que os EUA. Parques solares como os de Qinghai e parques eólicos como os de Xinjiang e Mongólia Interior são alguns exemplos de bons investimentos. A China também lidera o mundo em algumas áreas-chave da infraestrutura, como ferrovias de alta velocidade e tecnologias de redes inteligentes, o que facilitará um novo modelo de consumo de energia e de abastecimento, e que faz uma ruptura com o sistema baseado em combustíveis fósseis.

Texto: Hao Tan, professor na Faculdade de Negócios e Direito da Universidade de Newcastle, na Austrália.