Com os avanços tecnológicos que aconteceram na agricultura nos últimos anos, como a utilização de fertilizantes, agrotóxicos, o desenvolvimento das sementes, alimentos transgênicos e a mecanização dos processos agrícolas, muitos problemas de ordem social e ambiental surgiram, como a redução de mão de obra no campo, o esgotamento do solo e a poluição hídrica.
Esses problemas ambientais fizeram com que as pessoas buscassem um modelo agrícola que reduzisse estes impactos, como a prática da agricultura orgânica, que possui técnicas específicas, com alguns objetivos como: a sustentabilidade econômica e ecológica; a proteção do meio ambiente; o aumento de benefícios sociais; a diminuição da dependência de energia não renovável, empregando métodos culturais, biológicos e mecânicos, em oposição à utilização de materiais sintéticos; a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados em todas as fases do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização.
Apesar dos seus benefícios, os produtos naturais que vêm da agricultura orgânica são mais caros do que os produtos tradicionais. Dessa forma, a venda deles representa apenas de 4% a 5% do total de alimentos vendidos.
Em 2012 o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento divulgou os dados da agricultura orgânica no Brasil, onde consta a produção por estado, área de produção e extrativismo e unidades controladas. Porém uma “unidade controlada” é uma unidade que possui certificação e não pode ser entendida como unidade produtiva, pois uma unidade controlada pode ter diversas outras unidades de produção vinculadas a ela. Assim, o número divulgado subestima o número real de unidades produtivas existentes.
Hoje temos o mínimo de 11,5 mil unidades de produção controladas ligadas ao sistema de agricultura orgânica, que incluem propriedades rurais e estabelecimentos de processamento orgânicos. A área total do país com certificação orgânica é representada por 1,5 milhão de hectares, sendo o Mato Grosso o estado com a maior área, 622.800 hectares; o Pará possui 602.600 hectares; e o Amapá 132.500 hectares. Porém o maior número de produtores coligados a alguma certificação orgânica encontra-se no Pará, que possui cerca de 3.300 produtores. No Rio Grande do Sul são 1.200 produtores; no Piauí, 768; São Paulo, com 741; e em Mato Grosso, são 691.
Além disso, segundo o Ministério da Agricultura, a Região Norte, que possui 78.800 hectares e 3.800 unidades de produção, possui também a maior área dedicada à agricultura orgânica, seguida pelo Centro-Oeste, que possui 650.900 hectares e 1.100 unidades produtivas.
Segundo dados levantados pelo Departamento de Agroecologia da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC), na região do Mato Grosso a carne bovina e a castanha-do-brasil são os produtos orgânicos mais representativos. Já no Pará, o cacau, o dendê, o açaí e a castanha-do-brasil são os principais destaques.
Segundo o Ministério da Agricultura, hoje são, aproximadamente, 11.500 propriedades certificadas que produzem alimentos orgânicos no Brasil e 70% destas pertencem a agricultores familiares. Cerca de 4% do consumo mundial é de produtos orgânicos de origem brasileira.