Sonora
Sonora, México. Foto: artotemsco

Cientistas mexicanos conseguiram reduzir o teor de sal da água do mar através de um processo conhecido como dessalinização, ou seja, retirada do excesso de sal da água por meio de reagentes físicos e químicos. Esta prática já é utilizada em outros países, mas no caso do México, ambientalistas aplicaram um novo método que envolve plantas.

Em Sonora, estado mexicano, foram instaladas plantas dessalinizadoras no fundo de grandes lagos. Neste local criado pelo Centro Regional de Pesquisa e Desenvolvimento da Água e Energia, especialistas colocaram a mistura de água salgada com solvente para que películas semipermeáveis façam a separação e deixem o sal submerso bem no fundo do lago.

Este recurso foi adotado para amenizar os efeitos da mesma estiagem que assolou o norte do país no ano passado. Em entrevista ao Terramérica, Augústin Bravo, diretor do Escritório Noroeste do não governamental Centro Mexicano de Direito Ambiental, disse que esta opção só deve ser usada quando se esgotarem as demais. Ainda criticou a política hídrica de zonas desérticas que não consegue atender a demanda e privilegiar as necessidades humanas.

Zona Desértica
Foto: patt_meeples

Em 2010, o México tinha capacidade hídrica de 4.250 metros cúbicos por pessoa, que pode cair para 3.936 em 2020 e para 3.822 em 2025, nível relativamente baixo, considerando as projeções da Comissão Nacional da Água. Estatísticas de 2010 apontam que 77% da água encanada eram designadas ao uso agrícola.

Sorgo
Foto: agriculturasp

Os especialistas no método de dessalinização implantaram neste mês uma planta dessalinizadora no cultivo de beterraba, manga e sorgo (cereal de origem africana) no Vale do Yaqui, região agrícola do sul de Sonora. O objetivo é formar um centro de produção e montagem dessas estações em no máximo dois anos. O custo do projeto é de cerca de US$ 8 milhões, segundo dados publicados na Terramérica.

A desvantagem deste recurso é o local de destino deste excesso de sal, pois este resíduo no fundo do mar danifica corais, recifes e ainda pode desequilibrar a atividade dos oceanos. Outro fator negativo é o custo deste tratamento. Pesquisadores ainda não conseguiram reduzir o valor da produção de 1 litro de água que sai por no mínimo US$ 0,50 (cerca de R$ 1). Além disso, conflitos políticos interferem no valor, pois estados detentores de litorais brigam pelo direito a maior parte de salinas.

Água potável

Água potável
Foto: jgoge123

Existem vários métodos para reduzir a quantidade de sal da água e também transformá-la para beber. A dessalinização é apenas uma delas. Os processos de destilação, cristalização e absorção exigem uso de energia. No caso da osmose inversa e filtração seletiva, por exemplo, é preciso que a água passe por membranas e pressão mecânica.

O Instituto Internacional de Dessalinização anuncia que existem 15. 988 estações dessalinizadoras com competência para abrigar mais de 66 bilhões de metros cúbicos por dia e atender mais de 280 milhões de pessoas.

No mundo os seis maiores produtores de água dessalinizada são a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos, Espanha, Kuwait e Japão. Aqui no Brasil, Pernambuco e Paraíba fazem parte do grupo das 65 usinas dessalinizadoras, segundo informações do Ministério do Meio Ambiente.