Em dezembro de 2024, o Climate Policy Initiative/Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (CPI/PUC-Rio) divulgou um estudo alarmante sobre o uso do crédito rural subsidiado no Brasil. A pesquisa analisou dados de financiamento entre 2020 e 2024, revelando uma conexão preocupante entre o crédito agrícola e o desmatamento.
O estudo mostra que 36% do volume total de crédito rural subsidiado, equivalente a R$ 205,6 bilhões, foi destinado a propriedades que registraram desmatamento desde 2009. Esse montante representa uma parcela significativa dos R$ 567,7 bilhões concedidos a propriedades identificáveis através do Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Financiamento público
Os bancos públicos lideram esse financiamento problemático. O Banco da Amazônia (BASA) tem 71% do seu crédito associado a desmatamento, seguido pelo Banco do Nordeste (BNB) com 52%, Caixa Econômica Federal com 49%, Banrisul com 48% e Banco do Brasil (BB) com 36%. Entre os bancos privados, o Rabobank lidera com 63% do crédito rural subsidiado aplicado em propriedades que desmataram.
A análise revela que o desmatamento ocorre tanto antes como após a contratação do crédito. Considerando o crédito concedido em 2020, 20% das propriedades desmataram apenas antes da operação de crédito, 12% desmataram antes e depois, e 3% desmataram apenas após a operação.
O estudo não especifica a área total desmatada, mas destaca que foram considerados polígonos de supressão de vegetação com área superior a 1 hectare em todos os biomas brasileiros.
Crédito rural
Os pesquisadores enfatizam a necessidade de aprimorar a política de crédito rural, direcionando os incentivos econômicos para o desenvolvimento sustentável e dissociando o crédito subsidiado do desmatamento. Eles também recomendam que as instituições financeiras reforcem seus requisitos para operações de crédito rural, incluindo análise do uso do solo e verificação da presença de desmatamento.
Este estudo lança luz sobre um problema crítico na interseção entre política agrícola e conservação ambiental no Brasil, destacando a urgência de ações para alinhar o financiamento rural com os objetivos de sustentabilidade do país.
Com informações de Climate Policy Iniciative