Criada por Otto Scharmer, do Instituto de Tecnologia de Massachusets, a “Teoria do U” propõe que a atenção que se dá a uma situação determina como ela evoluirá. A teoria “U” foi citada pela primeira vez no livro “Presença: propósito Humano e o Campo do Futuro”, que Scharmer escreveu com Joseph Jaworski, Betty Flowers e Peter Senge.
Segundo o autor, a concretização de um objetivo ocorre naturalmente quando se compreende verdadeiramente a necessidade de mudança. Para Scharmer, é preciso se conectar com a realidade de uma maneira mais profunda, ouvir e perceber são partes importantes deste processo, que é fundamentado em três ações: sentir, presenciar e concretizar.
Em situações comuns de liderança, por exemplo, as decisões são tomadas pelos gestores e repassadas aos subordinados, sem levar em conta o que sentem as pessoas envolvidas nas ações propostas. Sem “sentir” a necessidade e “presenciar” a importância daquela atitude, as pessoas se distanciam da proposta inicial, que muitas vezes não se “concretiza” da maneira esperada.
Quando uma pessoa sente e presencia os impactos de alguma ação, entretanto, ela a incorpora mais facilmente, compreendendo seu significado e importância de maneira mais ampla. Para dar certo, a teoria depende de três atitudes fundamentais:
Manter a mente aberta – ouvir mais e suspender o julgamento e o questionamento; tentar ver algo com novos olhos; acessar outras fontes de inteligência intelectual;
Manter o coração aberto – acessar a inteligência emocional, deixando os sentimentos fazerem parte do processo; perceber e pensar no coletivo;
Manter a vontade aberta – Acessar as fontes de inteligência espirituais; desapegar-se das velhas rotinas, deixando surgir novas vontades e valores.
No livro em que defendem a teoria, Scharmer e seus colegas de trabalho citam a Nike como um modelo de mudança a partir da percepção. Segundo eles, uma das líderes da Nike, Darcy Wislow, foi incumbida de desenvolver processos e produtos ambientalmente sustentáveis para o setor de calçados femininos da empresa. Para isso, Wislow criou um grupo de colaboradores de várias áreas que deveriam definir estratégias empresariais sustentáveis.
O grupo analisou o cenário da instituição, vivenciando e participando dos processos internos. Depois, a equipe se questionou sobre os compromissos mais profundos que deveriam ser adotados para a preservação do planeta. Estimulados pelo desafio, os funcionários começaram comentar o tema, a compreender sua importância e a ter ideias inovadoras.
O grupo acabou se envolvendo de tal forma que não só criaram produtos, mas também desenvolveram uma nova forma de gestão para toda a empresa, que se tornou exemplo de sustentabilidade.
A teoria propõe que envolver profundamente as pessoas impactadas no processo de mudança, como fez a Nike, é a melhor maneira de gerar resultados em todas as áreas, principalmente nas grandes empresas.
No Brasil, a teoria é utilizada pelo Instituto Ethos, Petrobras e Grupo Santander, por exemplo.