Há tempos atrás minha mãe pediu-me para escrever sobre o gás de xisto e eu arquivei o tema na minha caixinha mental de sugestões temáticas para a coluna, esquecendo-me dele, obviamente. Foi então que esses dias um amigo meu perguntou-me sobre o que eu achava do fracking e eu respondi com um sincero: “não faço ideia do que seja isso!”. Pois então, curiosa do jeito que sou, botei-me a estudar o dito cujo e descobri que este tal de fracking, também conhecido por seu termo em português: “fratura hidráulica” é o método utilizado para a extração do gás de xisto.

O gás de xisto, para quem não sabe, é considerado uma fonte energética natural não-renovável, ou seja, que é finita e é necessária a queima para obtenção de energia. As reservas desse minério representam 10% do total de petróleo e 32% do gás disponível no planeta.

© Depositphotos.com / lonnyinCo Fracking.

Nos EUA esta fonte já tem sido explorada há mais de uma década, como alternativa ao esgotamento de reservas de petróleo no mundo. Contudo, longe de ser menos impactante, sua extração é semelhante a do petróleo e demais combustíveis fósseis e os impactos ambientais também. Em 2011 um estudo indicou que a produção de energia com este gás é equiparável ou até maior, em termos de emissão de gases do efeito estufa, do que o gás convencional ou carvão, ao longo da cadeia produtiva.

Para tal, é necessário misturar grandes quantidades de água a produtos químicos (que têm sido apontados como tóxicos) e areia e bombear sob alta pressão para dentro do poço onde se encontra o gás, criando-se assim, fraturas na rocha. O gás então é liberado e bombeado para fora. Assim funciona o fracking.

Esse método tem sido acusado de promover a contaminação de águas subterrâneas, produzindo quantidades consideráveis de metano, além da acidificação do meio e aumento da condutividade, devido a degradação de matéria orgânica, redução do pH e elevação da concentração de sais metálicos, respectivamente. Implicando em mutações prejudiciais e/ou morte de populações aquáticas. Além disso, diversos trabalhos tem ligado o fracking a terremotos. A prática já foi proibida na França e Bulgária e recentemente na Alemanha.

Neste cenário, o Brasil figura entre os 10 principais detentores deste minério no mundo, tendo leiloado dezenas de áreas para a sua produção em dezembro do ano passado. Porém, como ainda não há regulamentação diversas entidades, entre elas a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), manifestaram-se contra a exploração do xisto. Pois além da falta de regulamentação para a atividade e seus diversos impactos, 16 das áreas arrematadas são localizadas onde situa-se o Aquífero do Guarani, considerado o maior do mundo.

É importante salientar que a exploração de xisto assim como a do petróleo no pré-sal, vem na contramão das alternativas ambientalmente mais adequadas, que priorizam o uso de fontes energéticas renováveis, como a eólica, de marés, solar, biomassa e até mesmo a questionável hidrelétrica.

Dia após dia, vemos exemplos de como o poder econômico sobrepuja-se a todos os outros. Mas existem casos em que a população consegue vitórias, como foi o caso do município de Foz de Iguaçu – PR em que a câmara municipal aprovou a proibição da exploração de xisto no município, por entender que a preservação do meio ambiente e da saúde da população são mais importantes que o lucro.

Sigamos o exemplo de Foz!

Referências
Pensamento Verde; Exame; Dangers of Tracking; Carta Maior; Cidade Foz