Tecnologias que diminuam os danos causados por lixões e aterros são extremamente importantes, pois esses espaços representam altos graus de poluição e degradação ambiental. Pensando nesse problema, Luiz Henrique Miranda, engenheiro ambiental e aluno do Programa de Educação Continuada da Escola Politécnica (PECE/Poli) da USP, desenvolveu um projeto que possibilita o processo de gaseificação de lixo.
Para a realização do trabalho, Miranda focou em aplicar seu projeto na cidade de Itanhaém pelo fato de ela apresentar médio porte e destinar seu resíduo urbano a um aterro localizado na cidade de Mauá. A técnica atualmente aplicada na cidade é cara, ultrapassada e prejudica o meio ambiente.
O Brasil conta hoje com a Política Nacional de Resíduos Sólidos que obriga as cidades a se adequarem a soluções sustentáveis para a destinação do lixo. No projeto, Miranda tentou criar mecanismos que se alinhassem à nova política e também fossem aproveitados para a produção de energia. O potencial da cidade se encaixou perfeitamente ao processo de gaseificação por conta de seu lixo ser majoritariamente formado por matéria orgânica (75%).
O processo de gaseificação consiste em utilizar reatores que transformam um resíduo sólido em um gás combustível, por meio de várias reações termoquímicas. Pela sua proposta, a gaseificação do lixo de Itanhaém geraria energia elétrica capaz de abastecer 4.730 residências. Isso dá uma média de 18.935 moradores do município (contando famílias com quatro pessoas). Esse valor representa 22% da população da cidade.
O gaseificador que Miranda sugere no projeto pode ter pequeno porte e ser utilizado pelas próprias famílias. Por isso, sua proposta tem aplicabilidade em diversos outros municípios de pequeno e médio portes, que correspondem à grande maioria das cidades no Brasil.
O projeto de Miranda, orientado pela professora doutora do PECE, Suani Teixeira Coelho, acaba de conquistar o primeiro lugar no concurso de monografias Eco_Lógicas, promovido pela Organização Latino-Americana de Energia (Olade) e pelo Instituto Ideal. O concurso reuniu trabalhos de nove países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Guatemala, México, Paraguai, Peru e Uruguai.