Quando uma alternativa sustentável surge e muda a rotina e os hábitos de um determinado grupo, sempre é válido apresentar como tudo ocorre. No Presídio Professor Jacy de Assis, localizado na cidade de mineira de Uberlândia, por exemplo, uma horta construída e cultivada pelos próprios detentos vem transformando a relação deles com a natureza e ainda garantindo uma fonte natural para a alimentação diária.
Todos os meses, mais de 400 caixas de hortaliças são produzidas dentro dos muros da prisão por um grupo de detentos que varia entre 15 a 25 pessoas por dia. Além disso, a preservação ambiental também está presente na construção e cultivo da horta, já que existe uma estrutura para captação de águas pluviais, o que já representa uma economia de água no local. Este trabalho diário, segundo informa a Diretoria da Subsecretaria de Administração Prisional (SUAPI), é responsável por derrubar o índice de reincidência criminal para 1% dentre aqueles presidiários que participam do cultivo das hortaliças.
São produzidos e consumidos pelos detentos alimentos como alface, repolho, rúcula, couve, pepino, brócolis, mostarda e também algumas ervas medicinais e mudas frutíferas. Todo o trabalho é coordenado por agentes penitenciários, como José Francisco Pereira. Segundo ele, a questão da segurança no dia a dia também foi aprimorada graças ao trabalho dos presos na horta.
O diretor da SUAPI, Adanil Firmino, também complementa com o exemplo de um jovem de 27 anos que afirmou gostar do trabalho. “Trabalhar aqui é bem melhor do que ficar lá dentro na cela cheia de gente. Gosto da horta e, depois que sair do presídio, não quero mais saber da vida no crime”, finalizou o presidiário condenado por furto, que também recebe R$ 591,00 por mês pelo trabalho na horta, além de redução no tempo da pena.
Exemplo para outros presídios
Assim como ocorre em Jacy de Assis, outros presídios da região também aderiram a hortas internas, como a Penitenciária Pimenta da Veiga, que produz alimentos para consumo próprio e também para doação a entidades filantrópicas. Cerca de 10% do que é produzido é enviado para instituições de caridade de Uberlândia e outras cidades próximas, assim como para famílias carentes que moram próximas aos presídios.