Com a sustentabilidade em alta, os 3 R’s – reciclar, reduzir e reutilizar – já se tornaram comum no dia a dia das pessoas e empresas. No entanto, a palavra que tem se destacado mais em alguns setores, como na moda, é o upcycling.
Criado para valorizar os materiais, o movimento busca utilizar a maior parte possível de um produto ou todo ele – a ideia é dar um status novo a algo que acabaria no lixo. A diferença para a reciclagem? No movimento, tudo é reaproveitado e ainda passa por processos químicos e físicos.
Com um gasto menor de energia na confecção do produto final, estilistas e empresas têm investido no upcycling como uma alternativa sustentável para a produção e criação de peças exclusivas. Dessa forma, sapatos antigos, embalagens de salgadinhos, fitas cassetes entre outros, podem se transformar em roupas e acessórios.
Há cinco anos, Agustina Comas, designer uruguaia, trabalha com roupas 100% recicladas e foi uma das pioneiras no uso do upcycling na indústria da moda. Hoje, ela conta com uma marca própria, a Comas , um e-commerce mais estruturado e ambicioso.
Ela explica que muitas empresas se desfazem de roupas que não passam pelo controle de qualidade das fábricas, por conta de manchas ou pequenos furos. As peças, que vão parar em bazares ou no lixo, se tornam a matéria-prima para o trabalho da designer.
Agustina identifica os melhores tecidos e, em vez de moldes, as camisas masculinas viram camisas femininas, saias, chemises e vestidos, por exemplo.
Outra marca de destaque é a petit h, marca do grupo francês Hermès. A empresa recolhe todo o material que sobra da linha de produção da loja de grife e os transformam em objetos.
Ainda nesse contexto, referência absoluta no upcycling e estética, a marca americana Reformation atua por meio da venda online e duas lojas físicas, uma em Nova York e outra em Los Angeles – onde fica também a sede da empresa.
A ideia de ter uma fábrica 100% vertical e responsável surgiu quando Yaya Aflalo, fundadora da marca, se viu diante dos problemas relacionados à degradação ambiental e social. A marca que levava seu nome mudou e se reinventou como uma marca ecologicamente correta. A melhor parte é que eles entregam no Brasil.
A estilista carioca Gabriela Mazepa também desenvolve peças e coleções com tecidos de qualidade descartados pela indústria têxtil. O processo garante, ainda, o desenvolvimento regional, já que atua em parceria com costureiras de comunidades do Rio de Janeiro, que trabalham de forma independente ou em cooperativas. As peças exclusivas são vendidas em sua loja virtual.
Para atender um público ainda maior, Mazepa atua, ainda, em parceria com o brechó online Enjoei. No portal, ela criou o projeto REROUPA para vender as peças vintage transformadas por ela e sua equipe.
O mundo dos calçados não ficou de fora da moda. A Insecta Shoes emprega métodos artesanais para transformar tecidos de roupas descartadas em oxfords, botas e, a partir de agora, também em sandálias. Os produtos são produzidos no Brasil com venda para todo o mundo.