Ao olhar para um bem tombado, como um casarão do século XIX, o que lhe vem à mente? Pessoas famosas que viveram lá, reis, condes, princesas? A história de uma cidade? Um entrave ao progresso? Naquele local poderia ser um construído um shopping? Apenas um belo prédio antigo? Muitas ideias surgem. Porém, poucas se referem sobre a questão ambiental.
Quando o assunto é preservação, quase sempre lembramos da conservação das florestas, da fauna, flora, nascentes etc. Dificilmente relacionamos a preservação histórico-cultural com o meio ambiente. Mas a questão é tão importante que está na legislação ambiental brasileira. Na lei 9.605-98, de crimes ambientais, há uma seção (IV) especialmente dedicada aos crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural, e o artigo 62 especifica penalidades para quem destruir, inutilizar ou deteriorar instituições como museus, bibliotecas, bens históricos tombados e instalações científicas ou similares.
E então, como será que os Educadores Ambientais estão trabalhando este tema? Como o relacionam com o meio ambiente? De que forma conseguem sensibilizar seus alunos? É um assunto não muito fácil para debater, principalmente na área urbana. Muitas vezes a preservação histórica e cultural é vista como um obstáculo. Por impor limites à urbanização acaba causando polêmicas, pois alguns setores da economia se sentem prejudicados e a população nem sempre assimila a importância desses tombamentos.
Se pararmos para refletir, quando tombamos um bem histórico, evitando que um grande empreendimento tome o seu lugar e também preservando o seu entorno, podemos evitar a destruição de uma área paisagística não só de importância estética, mas também para manter, por exemplo, a qualidade de ar de uma área ou mesmo garantir o abastecimento de água. O que antes parecia progresso, ou seja, desmatar para construir, hoje está claro que nem sempre é a melhor solução para que uma cidade tenha qualidade de vida e garanta a geração de renda. Um novo empreendimento, às vezes, no início, pode até trazer certa estabilidade financeira para uma determinada região, mas também pode causar transtornos, como mais lixo, mais pessoas usando água e depois que o empreendimento termina, muitos ficam desempregados.
E não é só. Um bem tombado também pode ser útil para percebemos o quanto erramos no passado. Já repararam nas madeiras dos móveis de um museu? Muitas já estão até extintas, porque naquela época não havia a consciência ambiental e acreditava-se que os recursos naturais eram infinitos. Além disso, ao preservamos um bem histórico, preserva-se também a cultura de uma região. Sendo assim, é possível compreendermos de que forma todo o passado influencia nosso presente e como pode transformar o futuro.
A preservação histórica também pode gerar renda para uma cidade, empregando guias de turismo. Os bens tombados podem ser transformados em centros culturais. Haverá sempre a necessidade de profissionais especializados para que o bem tombado não fique deteriorado e, assim, vai colaborar para movimentar a economia.
Portanto, creio que essas questões, principalmente nas cidades históricas, o educador ambiental deve aproveitá-las para refletir com sua comunidade e contribuir para a diminuição dos conflitos que são inevitáveis, mas há solução.
E você Educador Ambiental? Já trabalhou este tema? Conte sua experiência.