Os meios de comunicação têm abordado com mais ênfase e seriedade sobre como se pode optar por métodos construtivos menos prejudiciais à natureza. Já existem empresas na área de arquitetura e de engenharia civil que se dedicam, exclusivamente, a educar os clientes, ensinando-os, orientando-os e executando os seus projetos seguindo, justamente, estes princípios. Há alguns dias, foi lançada, pelo Ministério do Meio Ambiente, uma cartilha chamada ‘Construções e Reformas Particulares Sustentáveis’, que incentiva um menor impacto dos projetos. A dúvida é se o mercado brasileiro e seus clientes estão conscientes da real necessidade do emprego de técnicas e do uso de produtos que sejam melhores para a saúde do meio ambiente.
A construção de edificações sustentáveis é possível. Muitos arquitetos defendem que conceber projetos assim é apenas uma questão de postura profissional. Já existem boas referências no assunto que podem servir de inspiração aos novatos. Mas, sabe-se que, para alguns, a mudança de valores ainda é difícil. Infelizmente, não existem leis no Brasil que reforcem aos designers e construtores a importância de se seguir, desde o princípio, uma linha de pensamento que leve a considerar fatores relevantes à preservação ambiental. Agravando a situação, as escolas seguem ensinando com parâmetros tradicionais, que priorizam as técnicas comuns empregadas no mercado, que geralmente desconsideram a ventilação e a iluminação natural e ainda consomem mais recursos, como água e energia elétrica.
O mercado de fabricação de produtos e de exploração de matérias-primas para a construção civil parece estar estagnado num nicho comercial que atende apenas as mesmas técnicas construtivas, que são empregadas repetidamente pelos projetistas e construtores, independente das características do local a ser construído. Para os consumidores torna-se, portanto, mais viável custear uma obra realizada de maneira convencional, porém menos ecológica. Então, pode-se dizer que são os arquitetos e engenheiros civis de hoje que possuem esta tarefa, de direcionar a construção contemporânea para um caminho onde só se realizem obras levando em consideração estas questões.
Toda a mudança parece ser demorada. Porém, os problemas que são presenciados atualmente no planeta exigem soluções imediatas. Conforme as tristes previsões dadas pelos cientistas, não tardará para que as opções tornem-se limitadas. Aquelas pessoas que já adotaram um estilo de vida mais de acordo com a preservação da natureza sofrerão menos no futuro. Porém, para os demais, uma alternativa pode estar no resgate das técnicas mais antigas. Obviamente, os humanos não precisarão voltar a morar em cavernas, mas pode-se conciliar o conhecimento adquirido no passado para se desenvolver propostas no presente que deem resultados verdadeiramente positivos.
Uma ideia empregada por algumas empresas de arquitetura é extrair do próprio terreno, de onde se deseja construir, a matéria-prima para construção da edificação. Madeira, pedras, fibras vegetais e barro são moldados in loco, formando volumes ousados e criativos, integrando-os à natureza local. Incentiva-se uma constante participação dos clientes em todos os processos da obra, como uma forma de educar e perpetuar o pensamento verde. Nem sempre edificações como estas são mais baratas, porque exigem mais tempo de execução, de mão-de-obra com ajuda especializada e de peças criadas artesanalmente para a construção. Alguns questionam a relação custo versus benefício sobre a durabilidade destas edificações. Não se pode prever, ao certo, quando será necessária uma manutenção predial e, principalmente, se no futuro haverá profissionais disponíveis que saibam executar os mesmos serviços.
Verdade seja dita, toda interferência humana sobre a natureza, não importa a maneira como ela foi feita, é prejudicial. O que se pode descobrir são formas de se amenizar os impactos. Uma arquitetura de boa qualidade, assim classificada devido a vários fatores, mesmo que empregue um método convencional, pode ser considerada como boa, isso vai depender. Se tudo o que é fabricado e construído, de forma manual ou mecânica, for com o pensamento de se ter um resultado final de qualidade, maior será a sua durabilidade e menos recursos precisarão ser gastos no futuro para o seu conserto ou manutenção. Portanto, cabe aos especialistas uma análise profunda para a correta decisão sobre se optar por um método convencional, que pode ser mais barato e durável, mas que causaria impactos ambientais; ou um com selo ecológico, mais caro, talvez pouco durável, mas que provocaria menos danos à natureza.