Antes de falarmos sobre este tema, é importante ressaltar que as expressões couro sintético, couro vegetal e couro ecológico, muito usadas no país, na verdade estão em desacordo com a legislação brasileira. No Brasil existe a lei 4.888/65, que determina que apenas produtos feitos em pele animal podem receber a denominação “couro”.
Por esses tecidos terem uma aparência e, às vezes, textura semelhantes ao couro, passaram a ligar a palavra a processos de produção mais sustentáveis. Porém, pela legislação, se o couro não é legítimo, ou seja, feito de pele animal, não pode receber essa denominação. Agora vamos à matéria:
Desenvolvido a partir da tecnologia social dos encauchados – técnica de impermeabilização de tecido com uso de látex extraído da Amazônia, prática que tem origem indígena –, o tecido vegetal ou ecológico é considerado uma alternativa ao couro animal e vem fazendo a cabeça dos estilistas e das pessoas do mundo todo.
Isso porque, com o aumento da preocupação ambiental, as pessoas se mobilizaram e procuraram alternativas sustentáveis para o seu dia a dia, a fim de não degradar o meio ambiente.
Apesar do reconhecimento notório nos dias de hoje, a ideia do uso de um tecido vegetal é antiga. Durante a Conferência ECO 92 alguns empresários do Rio de Janeiro utilizaram o saco encauchado como matéria-prima para a produção de bolsas e pastas. Na época, o material derreteu devido ao calor da cidade e a baixa tecnologia.
O projeto foi tido como uma das maiores inovações de moda e sustentabilidade na época e chamou a atenção de grandes instituições que procuraram saber o que era o material ecológico e investiram bastante no aperfeiçoamento da técnica com pesquisas, estudos e testes.
Dessa forma, providenciou-se a patente do tecido vegetal, que foi registrado com a marca comercial Treetap. A fim de garantir uma produção padronizada e de qualidade, foram realizadas diversas oficinas de treinamento e capacitação dos produtores.
Produção e economia
A confecção é realizada por meio do processo tradicional dos seringueiros na floresta amazônica em suas moradias, com base em um tecido de algodão banhado em látex, defumado e vulcanizado em estufas especiais.
Para um extrativismo sustentável da borracha, foram criadas inovações tecnológicas que eliminam processos intermediários, a insalubridade dos métodos tradicionais, o consumo excessivo de água e eletricidade.
A produção do produto gerou um aumento de renda dos seringueiros, o assentamento humano e uma maior preservação da floresta e do recurso natural, permitindo uma melhoria na qualidade de vida dos moradores da região.