Com o objetivo de deixar de lado os combustíveis fósseis que poluem o planeta, muitos países têm recorrido ao uso da energia solar. Porém, em muitos locais o sol não brilha forte o ano todo, o que faz oscilar bastante a quantidade de energia renovável gerada.
Pensando em uma solução para potencializar a eficiência dos equipamentos fotovoltaicos, designers e cientistas de Qingdao, na China, desenvolveram uma placa solar capaz de produzir energia a partir da chuva.
Esses novos equipamentos são idênticos às placas fotovoltaicas atuais, porém, trazem grafeno em sua composição. É essa substância feita de carbono que pode gerar energia a partir das gotas de chuva.
A descoberta recebeu o nome de energia solar pluvial e foi descrita na revista Angewandte Chemie International Edition.
Como o grafeno produz energia?
Descoberto em 2004, por Andre Geim e Konstantin Novoselov, pesquisadores da Universidade de Manchester, na Inglaterra, o grafeno é obtido a partir da esfoliação de grafite. É mais resistente que o aço e é um ótimo condutor de eletricidade e de calor.
Pesquisas mostraram que o grafeno, além de transparente, durável e impermeável, pode gerar energia quando exposto à água salgada. E foi justamente nesse ponto que os cientistas chineses defenderam a eficiência das placas fotovoltaicas geradoras de energia a partir da chuva.
Isso porque as gotas de chuva não são formadas apenas de água, mas também de sais (amónio, cálcio e sódio) que carregam íons em sua composição. Ao entrarem em contato com a camada fina de grafeno, esses íons reagem com os elétrons de grafeno, dando origem ao processo chamado de pseudocondensador (pontos de carga em desequilíbrio). E é essa diferença de cargas de que gera a energia.
Descoberta exige mais estudos
A capacidade de geração de energia dessas placas de grafeno é de 7%, bem menor do que a das placas solares atuais, que chegam a uma eficiência de 20% ou 30%. Cada placa solar de grafeno desenvolvida pelos cientistas conseguiu gerar centenas de microvolts, carga semelhante à da pilha AA.
Apesar de a carga gerada ser considerada pequena, a descoberta pode ser mais um passo para o fim do uso de combustíveis fósseis e para maior uso de placas solares pelo mundo.