O Brasil é considerado o segundo maior produtor de biocombustível do mundo, sendo responsável por 23,5% de toda produção. Esse tipo de combustível renovável é extremamente importante para o meio ambiente, pois não emite gases de efeito estufa, um dos principais causadores do aquecimento global.
Para garantir um futuro melhor, a Embrapa Agroenergia (DF) descobriu, após três anos de estudos, que algumas espécies de microalgas podem servir de matéria-prima para a produção de biocombustível e outros produtos como rações e cosméticos. A pesquisa também ajudou na descoberta de uma nova espécie antes desconhecida no Brasil.
De acordo com notícia publicada no site da Embrapa, para o estudo foram utilizados resíduos como vinhaça, gerado através da produção de açúcar e etanol de cana, e o Pome, através do dendê, que hoje são utilizados como fertirrigação nas plantações. Entretanto, eles podem acrescentar muito mais valor se forem usados para produzir microalgas, possibilitando mais biomassa e óleo no alcance de energia e bioprodutos.
Sobre as microalgas
Esses organismos unicelulares e microscópicos podem ser encontrados em meios aquáticos e, apesar de não serem considerados uma planta, podem realizar fotossíntese, podendo se reproduzir através da luz do sol e gás carbônico.
As microalgas ainda se reproduzem de forma rápida, sendo capazes de produzir óleo e biomassa em um curto espaço de tempo, isso porque sua produtividade pode chegar a ser até 100 vezes maior que as plantações agrícolas convencionais.
O óleo produzido por algumas espécies ainda pode conter substâncias muito importantes, como o Ômega 3 e carotenoides, produtos distribuídos para indústrias de cosméticos e suplementos alimentares como matéria-prima para a fabricação de produtos.
Hoje no Brasil cerca de quatro empresas produzem as microalgas, sendo duas no Nordeste e duas no interior de São Paulo. No entanto, esse setor ainda precisa se aprimorar para encontrar possíveis soluções como a redução dos custos de produção.
Produção de Biocombustível
A produção pode ser feita através de um sistema aberto ou fechado de fotobiorreatores, sistema onde acontece a multiplicação das microalgas para geração da biomassa. Mas, para que o processo ficasse mais barato, a Embrapa utilizou a vinhaça e Pome como meio de cultivo.
No período da colheita, as microalgas são extraídas do seu meio de cultivo, para que assim possam ser convertidas em produtos que variam de acordo com o setor. Para a produção de ração e suplementos é feita a secagem e o encapsulamento. Já para a produção de biocombustível é feito processo de liquefação térmica, método que converte as microalgas em um óleo denso e escuro, chamado de biocrude.
Mercado tem investido nas microalgas
As microalgas estão dominando o mercado de todo o mundo, a TerraVia localizada nos Estados Unidos e sede no Brasil, tinha como foco a utilização das microalgas para obtenção de biocombustível direcionadas para aviação. Porém, hoje a empresa está voltada exclusivamente para a produção de alimentos, nutrição animal e ingredientes especiais para o mercado de cuidados pessoais.
No Sertão da Paraíba, na Fazenda Tamanduá, também são utilizadas cianobactérias, outro tipo de microalga que é utilizada para a fabricação de produtos que beneficiam a saúde humana. Já no Ceará, a professora Francisca Pinheiro mudou totalmente o foco e começou a usar esse mesmo tipo de organismo para a produção de rações para aquicultura.
Já a startup Algae Biotecnologia, localizada em Piracicaba, interior de São Paulo, abriga um centro de desenvolvimento de projetos baseados em microalgas, direcionadas em biorremedição e captura de carbono, para fabricação de cimentos.