Um dos grandes problemas do século XXI é a relação nada amigável entre sociedade e meio ambiente, no que diz respeito ao uso descontrolado de recursos naturais. Tanto para fabricação dos mais variados produtos, como para geração de energia e combustível, os tempos modernos cobram uma conta muito alta da natureza… E estamos no vermelho. Práticas mais sustentáveis são urgentes em vários setores, por isso sempre que atitudes inovadoras e pró-natureza surgem, fazemos questão de divulgar e compartilhar.
A bola da vez é um protótipo de telha sustentável que pesquisadores da Ufam (Universidade Federal do Amazonas) estão desenvolvendo. A telha é quase toda fabricada com fibras naturais obtidas na Amazônia, como juta e malva, com adição de uma argamassa diferenciada composta por resíduos de cerâmica, areia e somente uma baixa quantidade de cimento.
Tal composição, além de utilizar uma quantidade menor de cimento, ainda garante um ambiente mais adequado para quem tem casa nas regiões mais quentes do Brasil. O material da telha sustentável também é altamente resistente, podendo ser utilizado em qualquer tipo de construção.
“Além de ter menos cimento em sua constituição, ela tem também areia, que se torna um material mais barato, além das fibras naturais. A matriz que utiliza o cimento é muito frágil e as fibras naturais é que vão dar a verdadeira resistência a esse material. O conjunto que a gente chama de “material compósito” vai produzir um material com maior resistência mecânica. E a gente já verificou que tem maior desempenho térmico devido ao uso de resíduos cerâmicos”, garantiu João Almeida Melo Filho, doutor em engenharia e subcoordenador da pesquisa, às Agência Brasil.
Telha sustentável no mercado
De acordo com os pesquisadores que participam do projeto da telha sustentável, a novidade tem boas perspectivas de ser um sucesso no mercado, isso porque além da questão ambiental, que cada vez mais ganha valor na vida do consumidor, também será um produto mais barato e com qualidade equivalente às telhas tradicionais.
“A gente acredita que o fato de o cultivo dessas fibras ser feito, principalmente, por comunidades ribeirinhas, a utilização dessas fibras no desenvolvimento de um material de construção e a possibilidade de que seja usado em grande escala vai incentivar essas comunidades a produzir e aumentar sua renda”, concluiu João Almeida.
A expectativa é que o protótipo final esteja pronto no final de 2016 ou começo de 2017, sendo que a comercialização propriamente dita ainda depende de apoio de empresas interessadas no projeto da telha sustentável, principalmente para compra do maquinário necessário para produção em grande escala. Atualmente a pesquisa é apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas, entidade esta que repassa R$50 mil através do programa de Sinapse da Inovação que estimula o crescimento de tecnologias inovadoras no Brasil.