Esta não é uma decisão fácil. Muitas vezes preservar é mais que uma necessidade, até um dever, quando se trata de construções que marcaram época e a história de uma cidade. Nas últimas duas décadas o retrofit tem sido uma solução cada vez mais comum e se apresenta como uma tendência. Esta mobilização reflete exatamente as mudanças urbanas e as necessidades sustentáveis.
O termo em inglês nada mais é do que a popular “reforma”. Mas pode ter um sentido mais amplo de aproveitar, adequar e agregar valor a equipamentos, além de mais conforto e melhor estética. É um processo de revitalização que envolve uma série de ações de renovação e readequação. Na prática, se busca preservar o que há de melhor no edifício e adequá-lo às exigências do momento. Uma intervenção que busca aumentar a vida útil da edificação de forma funcional e deve ser feita de maneira mais sustentável possível.
Nesse processo, há a oportunidade de substituir acabamentos que sejam reciclados ou recicláveis, de rápida renovação, livres de gases voláteis e de origem controlada. Em um retrofit é possível adotar o uso de motores de alta eficiência no lugar dos antigos. Outros aspectos importantes são a economia de energia e de água, com a troca por equipamentos modernos com redutores de vazão e painéis fotovoltaicos.
Portanto, o conceito da sustentabilidade, independentemente do uso do espaço, é uma premissa que, sempre que possível, deve ser inserida sem o comprometimento das atividades que necessitam de demandas maiores de energia, água ou recursos especiais, obviamente. Manter a iluminação natural e abrir espaço para vistas externas de áreas verdes são detalhes que oferecem maior conforto e integração com o meio ambiente.
O uso do retrofit surgiu e foi desenvolvido na Europa, devido ao expressivo número de edifícios antigos e de relevância histórica. Isso também se repetiu nos Estados Unidos. Foi por conta de uma rígida legislação – focada na preservação do seu rico acervo arquitetônico – que a solução ganhou espaço, pois ao mesmo tempo em que preserva o patrimônio histórico, possibilita um novo uso do edifício, conservando imóveis valiosos para a humanidade.
Nenhum dos projetos é simples. Exige muita observação, cautela e respeito por parte da equipe de profissionais. Deve ser avaliado, criteriosamente, o mínimo de demolição das alvenarias, só quando estritamente necessária, para evitar maiores interferências na edificação existente. É necessário analisar muito bem a relação custo-benefício, pois, via de regra, o retrofit é mais caro do que uma construção nova. Por isso, é preciso sempre levar em consideração fatores relativos, como a valorização do imóvel, localização, tempo, facilidade da aprovação e conservação do patrimônio.