No turbilhão das discussões sobre o futuro das cidades, um tema emerge com destaque: a necessidade de torná-las mais verdes. Afinal, as áreas urbanas estão enfrentando uma polícrise que abrange desde desafios sociais até os decorrentes das mudanças climáticas e da perda de biodiversidade.
Diante desse cenário, surge uma pergunta fundamental: são as árvores e parques urbanos essenciais para melhorar o meio ambiente e a saúde humana, ou simplesmente um luxo?
Em 2021, os moradores de Manhattan, Nova York, se tornaram manchete de jornal ao se acorrentarem às árvores do parque local em protesto contra o projeto de Resiliência Costeira do Lado Leste, um esforço de proteção contra enchentes.
O debate não se limitou apenas a salvar árvores; ele levantou questões mais profundas sobre o futuro das cidades: como elas devem mudar e quem deve decidir essas mudanças?
Nesse contexto, dois livros divergentes lançam luz sobre o debate. Em “A Cidade Viva”, Des Fitzgerald critica o conceito de urbanismo verde, argumentando que a tendência é promovida por uma elite de arquitetos e urbanistas que buscam realizar uma visão ultrapassada da ‘cidade jardim’.
Por outro lado, em “Era da Cidade”, Ian Goldin e Tom Lee-Devlin defendem a ideia de que as cidades são fundamentais para a sustentabilidade global, apresentando casos convincentes sobre como as áreas urbanas podem ser motores de inovação e oportunidade econômica.
O debate sobre cidades verdes não é apenas teórico; é uma questão urgente diante dos desafios globais que enfrentamos. Enquanto Fitzgerald argumenta contra o investimento na natureza como parte da reimaginação urbana, Goldin e Lee-Devlin destacam a importância de reconectar as pessoas com a biosfera para garantir cidades mais saudáveis e sustentáveis.
No entanto, o desafio vai além de apenas plantar árvores. É necessário abordar questões de equidade, inclusão e justiça social no processo de transformação urbana.
Da mesma forma, é essencial olhar para além das cidades de alta renda e incluir exemplos de países de renda média e baixa, onde a maioria dos habitantes urbanos vive.
Em última análise, o debate sobre cidades verdes não é apenas sobre estética ou gentrificação, mas sobre o futuro do nosso planeta e de suas populações urbanas. É hora de repensar nossas cidades e transformá-las em espaços mais verdes, justos e resilientes.
Com informações Revista Nature.