Após a II Guerra Mundial muitos países passaram por uma mudança econômica muito grande, acelerando o modelo capitalista de produção e consumo. Neste modelo econômico temos um aumento no consumo de recursos naturais e bens e serviços produzidos pelas empresas nestes países.
As décadas foram avançando e chegamos ao início do século XXI com um aumento extraordinário no consumo, com a incorporação de novos consumidores e de muitos países que estão em crescimento. Hoje temos mais de 7 bilhões de habitantes e uma parcela significativa vive em países com altas taxas de consumo e com grande produção de resíduos, principalmente os sólidos.
Este material cada vez mais se acumula em cidades e áreas rurais que servem de depósito, muitas vezes sem os devidos cuidados e causando grandes impactos, seja para a natureza, seja com consequências para o próprio homem, através de doenças.
Hoje temos uma nova legislação federal que busca estabelecer metas para as prefeituras quanto à destinação correta dos resíduos sólidos. Porém a pergunta que fazemos é: de todo o material que “jogamos fora”, o quanto são realmente inservíveis?
Temos, no universo dos resíduos sólidos produzidos pela população, uma grande quantidade de produtos que não são “lixo”, mas podem e devem ser destinados para outras finalidades.
Esta destinação correta, que pode ser a reciclagem é, sem dúvida alguma, um grande campo de atuação de empresas, que podem, unindo os ganhos pela venda destes produtos, atuar de forma integrada, juntando sustentabilidade e lucratividade.
Há um grande potencial econômico para a destinação correta destes materiais, seja por programas de coleta seletiva feitas por cooperativas (dados de 2012 apontam que 766 municípios brasileiros tinham cooperativas), seja por empresas do setor.
Outro ponto importante é a conscientização das pessoas para que a separação seja realizada a partir da deposição dos resíduos nas casas. Materiais sem contaminação são melhores aceitos pelas empresas de reciclagem, gerando maior lucro na cadeia.
“Os dados [aqui apresentados] mostram que este ‘problema’, a destinação correta dos resíduos sólidos urbanos, pode e deve se tornar um canal de transformação pelas empresas […], trazendo ganhos a estes segmentos e uma significativa redução do uso dos recursos naturais virgens que estão cada vez mais escassos”.
Muitos materiais hoje descartados de forma errada e “jogados fora” podem e devem ser redirecionados para o processo de reciclagem, que é vantajoso para toda a cadeia (desde as prefeituras que reduzem os resíduos para aterros, passando pelos catadores e as empresas de reciclagem e ao final da cadeia pelas empresas que compram estes materiais e que lucram ao não utilizar matérias-primas virgens).
Tomando por exemplo o alumínio, segundo dados do CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem), o custo para produção de uma tonelada de matéria-prima virgem gira em torno de R$ 6.162, enquanto que a matéria-prima da reciclagem custaria aproximadamente R$ 3.447 a tonelada. Isto representa um ganho de R$ 2.715 por tonelada produzida. Outro exemplo diz respeito ao vidro, que custa R$ 263 por tonelada de matéria-prima virgem, para R$ 143 por tonelada de matéria-prima reciclada. A vantagem é de R$ 120 por tonelada.
Outro ponto, este no aspecto social, é que as cooperativas obtiveram um faturamento de R$ 56 milhões no ano de 2012, o que representa um aumento de renda de parcelas da população que trabalham no setor.
Os dados apresentados acima mostram que este “problema”, a destinação correta dos resíduos sólidos urbanos, pode e deve se tornar um canal de transformação pelas empresas, dos diferentes setores envolvidos, trazendo ganhos a estes segmentos e uma significativa redução do uso dos recursos naturais virgens que estão cada vez mais escassos.
Quanto mais às indústrias buscarem produtos com altos índices de reciclagem e com a construção de canais de logística reversa, toda a cadeia produtiva irá se beneficiar desta nova etapa. Todos os envolvidos no processo ganharão e principalmente o conceito de sustentabilidade será muito mais efetivo e aplicado pela sociedade.
Devemos ter em mente que como consumidores cabe a nós o estímulo para que as indústrias busquem novos produtos, com maior eficiência e retorno garantido para a reciclagem. Nós, consumidores é que somos os agentes fundamentais neste processo.