A utilização da gasolina como combustível possui várias desvantagens, tanto para o consumidor, quanto para o meio ambiente. O seu preço no mercado aumenta em curtos espaços de tempo; tem origem de fontes não-renováveis, ou seja, que um dia irá se esgotar; além de ser um produto derivado do petróleo, material altamente prejudicial ao solo, à água e ao ar.
Entretanto a tecnologia tem alcançado essa área do mercado, levando cientistas e pesquisadores a encontrarem alternativas menos prejudiciais e mais sustentáveis que podem ser aplicadas nos veículos; uma delas é o motor a ar comprimido.
Esse tipo de motor funciona a partir da energia interna de um gás, que é comprimido a uma determinada pressão e depois inserido em cilindros de compressão de ar, gerando uma reação que move o pistão.
Durante vários séculos existiram locomotivas movidas a ar que eram escolhidas por sua segurança, economia e limpeza, sendo usadas em transportes públicos e em minas. Depois da Segunda Guerra Mundial elas não foram mais utilizadas devido à substituição pelos motores à combustão interna, que tiveram aperfeiçoamentos em sua estrutura e a vantagem do preço do combustível – que naquela época era barato.
O interesse por motores a ar voltou na década de 1970 nos EUA e culminou com as ações de inventores para patentearem designs para carros movidos de forma híbrida e conversões de motores movidos somente a combustão interna. Nos últimos anos uma indústria francesa lançou o projeto de um veículo cujo motor possui dois cilindros de ar comprimido.
O ar comprimido é armazenado em tanques de plástico reforçado com fibra de vidro ou fibra de carbono, sob pressão. O ar é alimentado através de um injetor até o motor e flui dentro de uma pequena câmara, onde se expande. Então o ar empurra os pistões e os movimentos alternados destes geram a potência necessária para o veículo se mover.
Os tanques de ar que são fixados na parte inferior do veículo podem comportar cerca de 300 litros de ar, o que equivale ao abastecimento do veículo por até 200 km a uma velocidade máxima de 100 km/h. O reabastecimento total dos tanques leva cerca de quatro horas se for feito através de uma fonte elétrica doméstica; entretanto, usando uma bomba de alta pressão, a recarga pode ser realizada em até três minutos. O motor do veículo exige uma pequena quantidade de óleo que deve ser trocada a cada 50 mil quilômetros rodados.
Os fabricantes afirmam que o veículo não polui, é ecologicamente correto já que utiliza basicamente o ar, mas ainda não se sabe quais impactos ambientais seriam causados por ele.
Outra versão de motor a ar está sendo desenvolvida por pesquisadores norte-americanos, mas a diferença é que o propulsor utilizado é o nitrogênio líquido. Os pesquisadores optaram por essa versão devido à abundância e disponibilidade da substância, que corresponde a 78% da atmosfera terrestre.
O nitrogênio líquido é armazenado a -196°C e o ar movido ao redor do veículo é usado para aquecê-lo ao ponto de fervura, transformando-se em vapor pelo trocador de calor. Nesse estágio, o nitrogênio é expandido em aproximadamente 700 vezes seu volume comparado ao estado líquido; estando altamente pressurizado, o gás alimenta o expansor, onde a potência é convertida em força mecânica para empurrar os pistões do motor. O resíduo desse processo é o próprio nitrogênio, que volta à atmosfera.
Os testes estão sendo realizados em um veículo com cinco cilindros, o que equivale ao abastecimento do veículo por até 3,2 km a uma velocidade máxima de 35,4 km/h. Apesar do baixo rendimento comparado ao motor com combustão interna, os pesquisadores acreditam que um veículo movido a nitrogênio líquido será mais leve e, com um tanque com capacidade de 230 litros, o abastecimento pode alcançar os 320 km.
Ainda que os veículos a ar não atinjam as expectativas populares nos quesitos de desempenho e potência comparados aos veículos movidos à gasolina, o custo de operação deles é menor e a questão da economia unida à sustentabilidade e menores danos ao ambiente os tornará mais atrativos no futuro.