Primeiro vieram os cavalos, depois as carroças e as carruagens e, em seguida, os veículos movidos a vapor, a eletricidade e a gasolina, nessa ordem. Sim, o carro elétrico surgiu no fim dos anos de 1800, alguns anos antes dos veículos a combustão interna.
Os veículos a vapor exigiam esforço de seus condutores para se manterem em funcionamento, e os a combustão dependiam de uma manivela para darem partida, emitiam barulho e fumaça escura, enquanto os elétricos eram silenciosos, fáceis de dirigir e livres de escapamento.
Ainda assim, o sucesso do Ford T, lançado em 1908 com seu motor de combustão de baixo custo, feriu de morte a indústria de veículos elétricos. A gigantesca proliferação dos automóveis no século seguinte, seus benefícios e seus danosos efeitos colaterais são bem conhecidos por todos.
A história dá voltas e hoje os carros elétricos voltaram a ser prioridade. Não pelos consumidores, que ainda não se mostraram dispostos a arcar com seus altos preços, mas por organizações, fabricantes e governos dos países mais conscientes.
A França anunciou recentemente o fim da venda de carros a combustão até 2040, num esforço para cumprir exigências do Acordo de Paris. Já a Alemanha vai proibir a venda de veículos a combustão a partir de 2030 e a circulação a partir de 2050. A montadora sueca Volvo faz planos para só colocar carros elétricos nas ruas. Segundo a empresa, até 2020 todos os veículos produzidos por ela serão elétricos ou híbridos. Audi e BMW seguem na mesma linha.
Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), 750 mil veículos elétricos foram vendidos no mundo em 2016. Com isso, a frota de elétricos nas ruas chega a 2 milhões. Os principais mercados desse tipo de veículo são: China, Estados Unidos, Japão, Noruega e Holanda. O número pode parecer grande, mas ainda é tímido, visto que a estimativa da frota de veículos no mundo passa de 1 bilhão.
De acordo com um relatório da Bloomberg, a perspectiva é que, entre 2025 e 2030, o carro elétrico tenha o mesmo preço ou fique mais barato que carros a gasolina, sem a necessidade de subsídios governamentais. Esse ponto de virada fará com que as vendas dos elétricos disparem. O estudo projeta que, em 2040, metade das vendas de carros zero-quilômetro será de elétricos e um terço da frota no mundo será movida a eletricidade.
Essa tecnologia representa o futuro da mobilidade urbana, mas no Brasil, em especial, ainda temos um longo caminho a percorrer. Os impostos que incidem nos componentes do carro elétrico ainda são muito altos, coibindo a disseminação da tecnologia no país. Estima-se que menos de 5 mil veículos elétricos ou híbridos circulam atualmente pelas ruas brasileiras.
Quem dirige um carro elétrico (meu caso) garante que a experiência é boa, sem barulho ou emissão de gás carbônico. Além do que, numa cidade como São Paulo, onde as doenças causadas pela poluição atmosférica matam 10 pessoas por dia, o veículo elétrico pode salvar milhares de vidas nos próximos anos. Apesar de no Brasil quase sempre reagimos com atraso, já passou da hora das nossas autoridades, entidades empresariais e industriais, formadores de opinião e até mesmo usuários se informarem melhor e incentivarem o uso da tecnologia veicular elétrica.