Ontem, 11, o CDP, uma organização internacional sem fins lucrativos, realizou o workshop “Mudanças Climáticas, Desafios e Oportunidades”, em São Paulo. A cerimônia reuniu autoridades na área de preservação e conservação ambiental a fim de promover discussões e compartilhamento de conhecimento sobre medidas de combate ao aquecimento global e os perigos aos quais as cidades brasileiras estão expostas.
Contando com o apoio da Prefeitura paulistana e do CB27 (grupo formado por secretários de Meio Ambiente das capitais), o evento recebeu líderes como Wanderley Meira do Nascimento, secretário do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo; Délio Malheiros, secretário do Meio Ambiente de Belo Horizonte; Renato Lima, secretário do Meio Ambiente de Curitiba; além de 20 secretários representando outros municípios.
Após Juliana Lopes, diretora do CDP na América Latina, ter anunciado o início das atividades, Wanderley Meira do Nascimento, o anfitrião do dia, deu as boas-vindas aos convidados e alertou: “Não há mitigação [das emissões de Gases de Efeito Estufa] que seja perene sem que haja investimento na difusão de educação ambiental logo na primeira infância”.
Na sequência, o ciclo de palestras começou com Délio Malheiros, que citou o desenvolvimento de políticas públicas, parcerias com a iniciativa privada e a concessão de incentivos fiscais como os principais fatores responsáveis por tornar mais sustentável a capital de Minas Gerais. “Com a criação do IPTU verde e o compartilhamento de boas práticas, a nossa meta é reduzir as emissões de poluentes em 20% até 2030,” declarou.
Para diminuir a incidência de ondas de calor e tempestades, eventos muito frequentes em Belo Horizonte, Malheiros apresentou o programa “BH Mais Verde” e disse que as infraestruturas para a circulação do BRT (Transporte Rápido por ônibus, numa tradução da sigla em inglês) na cidade mineira serão ampliadas entre 2016 e 2017.
Além disso, o secretário do Meio Ambiente demonstrou preocupação com os riscos sociais, como a transmissão de doenças e o deslizamento de terras devido a enchentes. “Se não for agora, quando será? Se não for por nós, por quem será? Se não fizermos juntos, como faremos?”, indagou sobre a criação e implantação de programas de prevenção a catástrofes naturais.
Posteriormente, o secretário executivo do CB27, Nelson Franco, afirmou que “ninguém discute o poder das cidades”, apontando o protagonismo local como uma possível maneira de amenizar as mudanças climáticas em âmbito mundial. Franco garantiu que as atividades humanas são responsáveis pela aceleração do aquecimento global e, portanto, o cidadão é peça importante no combate às alterações do clima. “O jogo será decidido nas cidades, e estas pertencem às pessoas”, finalizou.
Vindo da capital do Paraná, Renato Lima contou que a metrópole aposta no planejamento urbano realizado ao longo dos anos para dar segurança ao povo frente aos desastres ambientais. Entre as principais ações estão a elaboração de um sistema de monitoramento de chuvas, estudos atualizados sobre eventos naturais e a dês-retificação dos rios, no intuito reduzir o número e a intensidade das enchentes. “É preciso respeitar e viver harmonicamente com os processos naturais”, falou o secretário do Meio Ambiente de Curitiba.
Mediado pelo jornalista norte-americano Matthew Shirts, da revista National Geographic, e autor da frase “cidades resilientes são aquelas que conhecem as suas vulnerabilidades”, a cerimônia recebeu Adalberto Maluf, diretor da rede C40 em São Paulo. Membro da organização que combate as perturbações da atmosfera, Maluf disse que “as cidades estão tomando a dianteira”, exemplo disso é a criação de BRTs, ciclovias e parques lineares, como o Várzeas do Tietê, projetado pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) de São Paulo.
Contrariando o senso comum de que desenvolvimento está diretamente ligado à poluição, Maluf frisou que os 66 centros urbanos afiliados a C40 correspondem a 20% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial. Desta forma, através de soluções relativamente mais baratas, a resiliência se torna possível, uma vez que 98% das metrópoles estão sofrendo ou em breve serão afetadas pelo aquecimento global.
Representando o governo federal no workshop, a diretora de Licenciamento e Avaliação Ambiental do MMA (Ministério do Meio Ambiente), Karen Cope, declarou que o Brasil demonstra eficiência em mitigação, à medida que carece de projetos adaptativos. “A adaptação para eventos extremos é tão complexa e necessária quanto para eventos gradativos”, salientou. Por fim, Karen Cope deixou à disposição os investimentos dos fundos Clima e Amazônia (que dispõe 20% de seus recursos para outros biomas).